O GOSTO PELA PALAVRA

Purpurinas. No fundo tingía as palavras de hálitos que encomendara, do seu achava-o ensonso, carenciado de uma maquilhagem que o colorisse de adjectivos saborosos e apelativos ao discurso, beliscava interrogações para logo matar a fome nas reticências.


Certo dia provou ameixas. Das verdes. E súbito a baba lhe inundou a boca. Como as palavras de uso alheio. Depois adoçaram-lhe a lingua com ameixas sangrentas, profundas, licorosas e desde então pouco mais abriu os lábios no medo de perder tal paladar.